segunda-feira, 26 de novembro de 2012

UM NOVO OLHAR SOBRE A MATEMÁTICA

Novo olhar sobre a MatemáticaPDFImprimir

Alunos participam e encenam espetáculos propostos
pela nova metodologia

por Paulo Henrique Gadelha /Abril 2011
foto Acervo do Pesquisador

Historicamente, a Matemática foi concebida como uma ciência hermética e desinteressante. É comum escutarmos relatos de experiências traumáticas quando o assunto em questão é o aprendizado da disciplina. Seria possível, então, estudar os conteúdos matemáticos de uma forma alternativa e atraente, tornando-os inteligíveis para os alunos e eficiente para o professor?
Para essa indagação, o professor João Batista do Nascimento, da Faculdade de Matemática do Instituto de Ciências Exatas e Naturais (ICEN) da Universidade Federal do Pará (UFPA), não titubeia em afirmar que sim. A resposta tem respaldo na metodologia criada pelo próprio docente: o uso do teatro na aula de Matemática.
De acordo com o professor, a didática consiste em trabalhar os conceitos dessa área de conhecimento de uma maneira em que os alunos possam assimilar os conteúdos de forma lúdica e prazerosa. “Com o auxílio do teatro, a criança vai perder o medo da Matemática e passar a ter uma nova visão sobre a disciplina, pois a linguagem teatral tem o poder de despertar os nossos sentimentos e emoções. Dessa forma, após vivenciar no palco o que sempre foi considerado enfadonho, o aluno vai ter mais sensibilidade para aplicar a Matemática no seu cotidiano”, afirma o professor João Nascimento.
Com o primeiro resultado prático de sua metodologia, o professor criou, em 2003, o Projeto de Extensão “Atividades de Matemática para 3ª e 4ª séries”, o qual vigorou durante aquele ano na UFPA e contou com a ajuda de quatro alunos que cursavam Licenciatura em Matemática na Universidade, na época. A iniciativa recebeu, ainda, apoio do Clube de Ciências do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação Matemática e  Científica (NPADC), atualmente Instituto de Educação Matemática e Científica (IEMCI), e da Faculdade de Matemática.
As atividades da iniciativa aconteciam aos sábados no Clube de Ciências. Nesses encontros, crianças do bairro Guamá entravam em contato com a Matemática não só por meio de peças de teatro, mas também por utilização de jogos e outras brincadeiras. Essas dinâmicas, segundo João Nascimento, são eficientes, pois contribuíam para uma melhor fixação dos conteúdos.

Espetáculo conta origem das figuras geométricas

Após essa experiência, o professor pensou em criar um espetáculo teatral que pudesse consolidar o seu trabalho. Então, João Nascimento elaborou a proposta da peça chamada “De ponto em ponto formamos...”, na qual os personagens representam elementos da Geometria Plana. O objetivo era discorrer a respeito dos conceitos básicos desse tópico da Matemática, tudo de forma informal e bem humorada.
A peça era dividida em cinco atos: OH! Sujeito quadrado! (ato 1); Triângulo Amoroso (ato 2); Círculo Vicioso (ato 3); Tem que andar na linha (ato 4); Ponto Finalmente (ato 5). No momento das encenações, os personagens (elementos matemáticos) se apresentavam, explicavam suas funções e  peculiaridades contracenando uns com os outros. A proposta foi apresentada em instituições de ensino superior no Pará, adequando o conteúdo à realidade local. No Campus Universitário do Baixo Tocantins (CUBT) da UFPA, em Abaetetuba, isso aconteceu durante a realização da disciplina Fundamentos Teóricos e Metodológicos para o Ensino de Matemática, ministrada pelo professor Aubedir Seixas Costa, que também desenvolveu o trabalho nos municípios de Breves, Tailândia e Concórdia do Pará.
A metodologia foi batizada de “Matemática e Teatro – da construção lúdica à formalização”. A forma alternativa de ensinar Matemática ganhou notoriedade na mídia local, nacional e até internacional, sendo divulgada em Portugal.

Modelo tradicional é deficiente e ultrapassado

Apesar de defender com afinco o seu método, o professor mostra-se cético quanto a possíveis mudanças no modelo tradicional de se ensinar a ciência na rede básica, o qual ele considera extremamente deficiente e ultrapassado. Um problema que não se restringe ao Brasil, “o ensino de Matemática praticado aqui é de péssima qualidade. Essa realidade ultrapassa as fronteiras do País e se estende por toda a América Latina. É premente a necessidade de melhorar o ensino. Não adianta mais o professor apenas se limitar a escrever uma definição no quadro e o aluno copiar. E para atingir a qualificação esperada, o docente precisa buscar novos métodos. Porém não vejo uma movimentação intensa nesse sentido”, declara João Nascimento.
Para o professor, um dos fatores que contribuem para essa realidade é a concepção de que o aluno da rede básica não faz ciência. “Isso é falso. Eles produzem ciência tanto quanto quem está na universidade. Agora, é claro que existe uma diferença na densidade da produção. Isso é natural. Mas a produção do ensino básico não deixa de ser científica por ser menos complexa”, considera.
O próximo desafio de João Nascimento é produzir um livro que contemple todo o histórico da sua metodologia, para auxiliar estudantes e professores. A obra deve conter as dinâmicas envolvendo  teatro e também poesia, música e outras vivências. O projeto já tem título “Matemática para Aprender e Ensinar”. Faltam alguns detalhes para a publicação, no entanto o professor já usa o esboço do material para auxiliar alguns colegas que têm interesse no trabalho.
“Não consigo visualizar grandes mudanças. Porém continuo insistindo em relacionar o teatro com a Matemática. Quero que as crianças não se limitem a aplicar o conhecimento em um papel frio de prova, mas possam defender o seu saber com todos os recursos e emoções disponíveis”, finaliza João Nascimento.

MULTIRIO oferece livros para download



 
Empresa Municipal de Multimeios – MultiRio
COMUNICADO – DIÁRIO OFICIAL  de 14 de novembro de 2012
 Portal MultiRio oferece publicações que incrementam aulas
 São três as opções para os professores interessados em desenvolver atividades mais dinâmicas em sala de aula.
 
Quadrinhos – Guia Prático apresenta os principais conceitos utilizados na criação de HQs, como o tempo da narrativa, o uso de balões e letras, o desenho de personagens e a elaboração de roteiros. A seção Trocando Ideias reúne curiosidades sobre a técnica e um manual para o aluno desenvolver sua história em quadrinhos. Esse livro ainda favorece mestres e alunos no exercício da visão crítica para uma leitura do mundo atual.
 
Mestre do Tempo Conta Histórias do Rio é inspirado na série televisiva e no fascículo Mestre do Tempo, também da MultiRio.  Ele convida a fazer um passeio pela cidade, não apenas com a finalidade de instruir sobre os aspectos históricos, o crescimento e as transformações, mas também com o intuito de aproximar a criança do seu ambiente e elevar sua estima pelo lugar em que vive.
 
A Escola entre Mídias é uma coletânea de conceitos fundamentais que ajudam na orientação das práticas pedagógicas. Eles auxiliam a explorar ingredientes para o ensino criativo, oferecendo um planejamento de produção com o uso de diferentes ferramentas tecnológicas em favor da dinâmica do trabalho nas salas de aula, como é o caso da Educopédia. No livro A Escola entre Mídias, o educador encontra o passo a passo para o planejamento de produções de vídeo, de áudio e de web, com modelos de formulários que podem ser adaptados a cada necessidade e especialidade. Ele inclui, ainda, experiências de professores da Rede Municipal do Rio de Janeiro.
 
Para baixar os arquivos, basta acessar www.multirio.rj.gov.br e buscar, na seção Biblioteca, a opção Mídia Impressa e, sem seguida, Livros.

domingo, 25 de novembro de 2012

POR UMA NOVA FORMA DE ENSINAR


Idealizador da Escola da Ponte critica maneira como tecnologia é usada em sala e chama de "miserável" formação de professor no Brasil

 
O educador português José Pacheco, ex-diretor da Escola da Ponte, onde não há provas nem divisão por séries: “É preciso uma ruptura, em busca de uma nova escola”
Foto: fotos de divulgação

 

 
O educador português José Pacheco, ex-diretor da Escola da Ponte, onde não há provas nem divisão por séries: “É preciso uma ruptura, em busca de uma nova escola”

Rio - Não existe um modelo padrão de ensino. Cada escola deve se organizar para atender a seus alunos. Quem defende a ideia é o educador José Pacheco que, por mais de 30 anos, dirigiu a inovadora Escola da Ponte, em Portugal, onde o aprendizado é pautado pela confiança entre estudante e professor: não há salas de aula tradicionais, grade curricular ou provas. Os bons resultados da instituição dão a Pacheco autoridade para questionar o método de ensino atual. Na era das redes sociais, ele defende o compartilhamento do conteúdo escolar pelos alunos, levando a uma construção coletiva do saber. O educador também classifica como “miserável” a formação dos professores no Brasil.

— Nada acontece de diferente quando a teoria antecede a prática. É preciso uma ruptura com os modelos convencionais, em busca de uma nova escola, que se organize em torno dos valores que unem as pessoas atendidas. A escola não é um edifício, mas um espaço social — comenta o português, que participará do Conecta, evento sobre novas tecnologias e educação, que ocorre quarta e quinta-feira, no Rio.
Pacheco é um dos idealizadores da Escola da Ponte, na pequena Vila das Aves, a 30 quilômetros do Porto. Na instituição, os alunos se agrupam de acordo com sua área de interesse. Não há divisão por séries. Monitorados por professores, o estudante faz seu plano de metas baseado no conteúdo sugerido pelo Ministério da Educação. A metodologia ganhou fama global. Encantado, o escritor e educador Rubem Alves escreveu trabalhos como “A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir” (2003). Cerca de cem instituições no Brasil mudaram para, de certa forma, seguir o exemplo.
O próprio Pacheco está envolvido numa iniciativa que segue essas premissas, em Cotia (SP). Com 440 alunos, cujas famílias têm rendas de até três salários mínimos, o Projeto Âncora serve ao pré-escolar e ao ensino fundamental, sem turmas definidas. O aprendizado se dá conforme o interesse dos alunos, que assimilam o conteúdo e o compartilham no ambiente escolar.
— É um trabalho de formiguinha. Na implantação do projeto, rejeitamos tudo que não interessa. Aulas e séries são um obstáculo para o crescimento humano — diz ele.
Os resultados, segundo Pacheco, são animadores. Alunos marcados pela exclusão recebem atenção que nunca tiveram. Em seis meses, crianças analfabetas aprenderam a ler, e os professores embarcaram na novidade.
Mas o educador se mostra preocupado com o quadro geral do ensino no Brasil e no mundo. Na opinião dele, os métodos em voga estão obsoletos desde o fim do século XIX.
— Basta dizer que, no Brasil, esse tipo de educação dá origem a 24 milhões de analfabetos funcionais. Não adianta ser a sexta economia do mundo, quando se ocupa os últimos lugares em rankings de educação — critica Pacheco, para quem o despreparo das escolas fica latente diante de questões atuais como o bullying. — Muitas escolas suspendem ou expulsam alunos, instalam câmeras de segurança. Deveriam ser adotadas novas formas de diálogo.
Para resolver esse problema, diz ele, é essencial investir na formação de educadores:
— A formação de professores no Brasil, não hesito em dizer, é miserável. Parte de princípios errados, como aquele de que a teoria pode anteceder a prática. Não adianta colocar jovens na faculdade e enchê-los com teorias ultrapassadas. Eles perpetuarão esse modelo.
Pacheco diz que a renovação deve englobar a forma como as recentes tecnologias são aplicadas no ensino. Em tempo de redes sociais, não basta apenas introduzir computadores e mudar o velho quadro-negro pelo monitor digital.
— Mesmo nos EUA e na Europa, o modelo convencional de educação continua. As novas tecnologias contribuem para a mesmice, quando deveriam proporcionar o compartilhamento de conteúdo entre os alunos. Se as escolas entenderem isso, podem migrar de um modelo em que os estudantes são como papagaios repetindo a lição para um ambiente onde ocorra, de fato, a construção do saber — diz o educador. — Os jovens precisam ser incentivados a reconstruir uma sociedade doente e usar as tecnologias para fazer isso criticamente. Noto que essas ferramentas contribuem para que os alunos se tornem solitários. Isso é uma regressão.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/por-uma-nova-forma-de-ensinar-6766027#ixzz2DFD6zGu3 
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ALUNOS SÃO VÍTIMAS E ALGOZES


O DIA, 4 de novembro de 2012
Professor do Instituto de Educação da UFF: 'Alunos são vítimas e algozes'
POR Maria Luisa Barros
Rio -  De um lado alunos cada vez mais agressivos e sem sonhos de futuro. Do outro, professores no limite e desestimulados. Em entrevista ao jornal O DIA, o professor Rodrigo Torquato da Silva diz que todos são, ao mesmo tempo, vítimas e algozes.
“É uma via de mão dupla. Os professores esperam que o aluno respeite a hierarquia e este, por sua vez, quer um professor que não faça deboches raciais e homofóbicos”, diz o ex-morador da Rocinha que abandonou os estudos ainda criança após ser expulso cinco vezes de escolas. “Eu era o aluno que não tinha jeito”, diz o professor que não aceitou a “profecia”. Deu a volta por cima e se tornou doutor pela UFF.
Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
Confira a entrevista na íntegra:
ODIA: No seu livro ‘Escola-Favela Favela-Escola’ o senhor aborda situações-limite, como intimidação, envolvimento de alunos com o tráfico de drogas e sua influência sobre os demais, agressão física e até prostituição infantil.
RODRIGO: — São práticas e discursos reinantes nas favelas onde moram os alunos, que fazem parte do cotidiano escolar. As relações com os professores mudaram. Há uma quebra de hierarquia, bastante difícil de lidar para qualquer professor, inspetor e diretor. Diante disso, a ‘vista grossa’ acaba predominando em grande parte das relações dentro da escola.
Existe uma resistência dos professores em aceitar que a favela ocupe um lugar na escola, com suas culturas, estilos, dilemas e dramas sociais?
Quando não sabemos lidar com tudo isso, criamos na escola um universo de sentimentos, como medo e preconceito, pondo em xeque nossas ideias de moralidade. Mas não dá para enfrentar com discurso moralizante.
O senhor lembra de alguma situação que fugiu ao controle do professor?
Um dos alunos, de 12 anos, gerente de uma boca de fumo, era tratado com reverência pelos colegas. Durante a aula de Educação Física ele, que estava de chinelo, olhou para outro aluno que estava de tênis. Na mesma hora, o garoto tirou o tênis e lhe cedeu. O professor tentou impedir o empréstimo forçado, mas o aluno respondeu em tom áspero: “Sou eu que quero emprestar”. Inconformado, o professor, punindo toda a turma, encerrou a atividade. Ou seja, ao ver que perdeu a autoridade, privou todos do direito à aula, garantido por lei. A lógica do professor foi a mesma da polícia: quando não consegue lidar com os reflexos da sociabilidade violenta,eliminam-se todos.
Como o senhor agiria?
Tentaria trabalhar a lógica da solidariedade, fazendo com que eles se revezassem no empréstimo do tênis para que todos participassem da aula. A favela é violenta mas é solidária. Na relação entre esses dois alunos havia o medo, mas também a cooperação.
O que os professores precisam aprender para trabalhar com essa nova geração de estudantes?
Primeiro, precisam ter respeito pelo aluno. Não podem achar que o estudante é bandido, é p.. É uma via de mão dupla. Ora professores são algozes ora são vítimas. O mesmo acontece com os alunos. A universidade precisa formar melhor esse professor que chega na sala de aula cheio de teorias e com a expectativa de que seus alunos vão estar lá imóveis prestando atenção o tempo todo.
Em suas passagens por escolas públicas de Niterói, Duque de Caxias e do Rio, sempre lhe ofereciam as turmas dos ‘sem jeito’. Como fazia para conquistar a confiança deles?
Começo contando minha história de vida. Filho adotivo de uma babá e um porteiro da Rocinha, sem instrução, pai aos 15 anos, que conseguiu por esforço próprio concluir o doutorado em uma universidade pública. Se eu fui capaz, eles também podem ter um futuro melhor. Também misturo o dialeto da favela à linguagem acadêmica para ficar mais próximo da realidade deles. Uma vez, no meio da aula em uma escola de Caxias, houve uma confusão. Crianças de 7 anos disseram que haviam sumido cinquenta centavos de cima da mesa de uma aluna. Como o dinheiro não aparecia, perguntei se eles sabiam o que acontece com quem rouba. Responderam-me: “A mão é cortada, tio.”; “É expulso da favela, tio.”; “Toma um pau.”
O que diria para professores que não sabem enfrentar essa situação?
Temos que entender a realidade dessa criança, desse jovem que vive sob opressão violenta, do tráfico ou da milícia. São jovens que aprendem regras de sobrevivência em uma sociedade onde manda quem tem o poder das armas e tudo se resolve no grito. E sofrem agressões físicas por pais embrutecidos pela vida.
Qual a maior lição que o senhor poderia passar para quem está a ponto de desistir do magistério?
Se apeguem à profissão. Não como um sacerdócio, porque a solução não vai vir só com reza. Ele tem que escolher ser o melhor professor para uma criança. Vai ter que ser por conta própria e abrir mão de fins de semana para voltar a estudar. Ser um professor pesquisador, do tipo que reflete e pesquisa sobre a prática em sala. Pratica , estuda, pratica. Todos os dias. Em vez de hora extra, busque bolsas de pesquisa nas universidades e estude no contraturno. Não tenho dúvida de que vamos avançar.

ESCOLA : ESPAÇO PARA O PENSAR


 




O ensino enfrenta grandes desafios nos tempos de hoje. Um deles
 é formar cidadãos capazes de pensar, criar conhecimento e não 
serem meros receptores de conhecimento já criados anteriormente. 
Essa dificuldade pode ser vencida se algumas estratégias forem 
adotadas durante os anos que o aluno passa na escola.
Introduzir o método filosófico no jeito de ensinar e aprender pode 
ser um caminho. As escolas, em sua maioria, caracterizam-se por 
trazer o professor como emissor/reprodutor de conhecimento e o 
aluno como receptor, caracterizando uma falha do sistema ensino/aprendizagem. Quando o aluno, desde o ingresso na
escola, não é incentivado a produzir, buscar, criar e questionar 
acaba por aceitar e repetir o que o professor apresenta, sem ser 
capaz de argumentar,apenas reproduzir.
Em tempos de Google, essa tarefa pode ser ainda mais difícil se 
não for bem desenvolvida. Em vez de ter a capacidade de seleção 
de conteúdo, assume como verdadeiro o primeiro resultado de 
uma pesquisa. Criar a habilidade de investigação é um passo a 
ser seguido para uma educação pensante. Essa habilidade
se constitui pela capacidade de adivinhação (rapidez de raciocínio, 
 relação de ideias, predizer, interpretar), observação (curiosidade, 
percepção, busca pelo saber), suposição (o que incentiva a busca 
por respostas), busca de alternativas, de averiguação (indagar até 
descobrir, pesquisar), imaginação, seleção de possibilidades 
(distinção entre provável e possível) e formulação de hipóteses. 
Outro passo 
é a criação da habilidade de raciocínio. Essa habilidade
é composta pela busca de razões (pela imparcialidade, objetividade, 
 respeito pelas pessoas, busca de razões posteriores), pelo 
estabelecimento de critérios,as inferências, o raciocínio analógico 
(fazer analogias para a compreensão), relacionar parte-todo e fins
 e meios (contextualização). Conceituação e análise
são outras habilidades que ajudam no processo de educação. Dessa 
 forma, o aluno consegue conceituar de forma precisa, comparar, 
classificar e seriar.
O professor assume papel de mediador do conhecimento, ajudando 
a construir. Nesse processo, o professor não se anula, pelo contrário, 
 além de proporcionar meios de uma educação mais contemplativa, 
também cria e desenvolve seu conhecimento. No entanto, o educador
 precisa ter conhecimento sobre o método filosófico,para desenvolver 
com qualidade e eficiência esse trabalho. Mais do que inserir a 
filosofia como uma área a mais de ensino, com um período semanal, 
por exemplo, o resultado será melhor se o método for multidisciplinar 
e desde as séries iniciais até os níveis mais avançados da formação.
Só existirão cidadãos pensantes se a educação proporcionar essa 
atitude de pensar. A qualidade da educação é proporcional ao 
ensino que promove. Eis umdesafio para escolas e professores: 
educar para o pensamento.
 

Cláudia Simões Brum
(Correio do Povo)
ANO 117 Nº 349 - PORTO ALEGRE, QUINTA-FEIRA, 13 DE SETEMBRO DE 2012

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

INICIATIVAS COMPLEMENTARES AUXILIAM NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA

Reportagem

Por Romulo Augusto Orlandini
10/11/2012
Ali Yezid Izz-Eddin Ibn Salim Hank Malba Tahan, escritor que teria nascido em 1885 na Península Arábica próxima à Meca, fez diversas andanças pelo mundo, cujas histórias apareciam em seus livros. Estas, entre uma aventura e outra, traziam os segredos da matemática – com soluções que misturavam argúcia e talento. O maior exemplo é o consagrado livro O homem que calculava (1938).
Tahan, tal qual descrito, nunca existiu. Ele é heterônimo do professor carioca Júlio César de Mello e Souza (1895-1974). Em uma entrevista fictícia com Malba, Júlio fez a seguinte confissão: “quando começo a preparar livros didáticos para matemática, começo a pensar em formas diferentes de tratar o livro, sem destruir a matemática. São duas coisas diferentes, não há como ensinar matemática sem números, operações e sistemas. É preciso somar e subtrair. Mas é possível apresentá-la de alguma forma diferente?”.
Matemática é a arte de pensar: pensar de maneira abstrata; pensar para se chegar a objetivos conseguidos através da reflexão, e não dos sentidos. Nesses fatores é que se encontram os desafios do ensino e aprendizagem da área em qualquer nível de formação. Para tanto, tal qual Malba Tahan fazia com seus contos, uma série de iniciativas desenvolvidas por pesquisadores auxiliam na motivação dos alunos a prosseguirem se dedicando aos estudos – sendo forte aliadas para o professor e complementando a reflexão fora das paredes da sala de aula. Como sabiamente dito por Mello e Souza: formas serão encontradas.
O esforço, cada vez mais concentrado e abrangente dos pesquisadores e entusiastas, é para fazer entender que a matemática é o caminho do raciocínio lógico e da resolução racional de problemas. As iniciativas, de certa maneira, buscam ultrapassar o estigma de a matemática ser considerada o lugar onde se lida somente com números. A literatura é uma dessas iniciativas, mas nem de longe a única.
Laura Leticia Ramos Rifo, diretora associada do Museu Exploratório de Ciências e professora do Departamento de Estatística do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), explica que o Brasil conta, ao longo do tempo, com uma série de boas iniciativas que complementam o ensino de matemática.
“Em 2007, o MEC, em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, lançou um edital promovendo a construção de recursos educacionais multimídia para o ensino médio com a participação direta de diversas universidades brasileiras. A Unicamp participou ativamente nesse projeto, com mais de 350 produtos em matemática, entre curta-metragens, softwares, experimentos para sala de aula e programas de áudio”, conta Laura. Os materiais desenvolvidos pela iniciativa são usados por professores da rede pública do estado de São Paulo.
Por sua vez, diz Laura, o governo federal mantém ainda o Portal do Professor. O site contém diversas ferramentas multimídias que o professores podem utilizar, não somente em matemática, mas em todas as áreas do conhecimento.
Museus voltados para a ciência
Outra possibilidade para essa complementaridade são os museus de ciências: locais voltados exclusivamente para a divulgação científica. Um dos exemplos do bom uso de tais museus para o ensino de matemática é a Matemateca, exposição itinerante que apresenta mais de 30 objetos que demonstram vários conceitos matemáticos, dentre eles o cone ascendente, o tabuleiro de Galton (pequenas bolas que dão noções de probabilidade) e poliedros.
“Em um museu de ciências, temos a possibilidade de interagir, intelectual ou também fisicamente, com conceitos, muitas vezes, pouco familiares”, observa Laura. Para a professora, é frente ao desconhecido que começamos a nos instigar. “Começamos a criar hipóteses plausíveis para explicá-lo, colocando em funcionamento nossa massa cinzenta com estímulos não habituais, que nos permitem formular perguntas e tentar respondê-las”, enfatiza.
Próximas da ideia de exposição itinerante também estão as feiras estudantis. O destaque nacional fica por conta da Feira Estudantil Redescobrindo a Matemática (Fermat), organizada pelo Programa de Educação Tutorial (PET) Matemática da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). José Luiz Rosas Pinho, líder do PET Matemática, cita como exemplo a rigidez dos currículos escolares – quando não resta tempo na escola para poder se dedicar com mais profundidade a um determinado assunto. “Com a realização da feira, procuramos oportunizar esse momento de abertura de ideias e de reflexão em matemática ao estudante. Mais adiante, quando adultos, essas pessoas já terão maturidade e experiência suficientes para decidir e se dedicar àquilo que mais se identificam”, explica.
A própria Fermat já deu resultados e ganhou respeito junto ao público: desde 2008 cerca de 2.500 estudantes foram conferir as atividades oferecidas e que se ligam à matemática de uma maneira lúdica por meio de oficinas de origami e informações sobre razão áurea, cubo mágico, quizz, quadrado mágico, entre outras brincadeiras.
“Descobrir a matemática, ou as ciências em geral, é tão importante quanto descobrir as artes, a filosofia, enfim, qualquer área do conhecimento humano. Não se trata de dar um sentido utilitarista a esse conhecimento, embora aplicações sejam evidentes, mas da formação, do autoconhecimento, da capacidade de reflexão e de criatividade do ser humano”, ressalta Pinho.

http://www.labjor.unicamp.br/comciencia/img/matematica/rp_romulo/img1.jpg
“O fascínio pelo conhecimento: para isso é necessário apaixonar-se por ele.
Creio que é, aproveitando o trocadilho do título desta revista,
uma questão de consciência”,afirma o organizador da Fermat.
Fonte: Divulgação UFSC
Olimpíadas
De todas as ações e esforços para compelir os estudantes a gostarem de matemática, nenhuma tem tanta projeção quanto a Olimpíada de Matemática. A prática é tradicional: em 1959 foi organizada a primeira competição internacional, na Romênia. Em 1979, foi a vez de o Brasil organizar a sua própria. A ideia nunca deixou de ser simples: alunos do mesmo nível competem entre si, independente de escolas. Os vencedores representam o país em competições internacionais.

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Medalha ganha por brasileiro de 16 anos
na Olimpíada Internacional de Matemática deste ano:
a 9ª de ouro em 33 anos. Fonte: Divulgação
No Brasil, temos uma versão da Olimpíada exclusiva para escolas públicas, chamada de Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) – montada exclusivamente para a competição de alunos que estão em escolas mantidas pelos municípios, estados e governo federal. Todos os anos são realizadas provas para alunos dos ensinos fundamental e médio. Até 2012, ao todo, mais de 46.700 escolas e mais de 19 milhões de alunos foram inscritos. Os recordes de participação fizeram com que a OBMEP seja considerada a maior Olimpíada de Matemática do mundo.
“As olimpíadas de matemática procuram estimular a criatividade e aproveitar o espírito lúdico dos jovens. Procuramos propor problemas desafiadores que não dependam de muita teoria, mas que estimulem os alunos a combinar ideias de vários assuntos de matemática de maneira criativa”, diz Carlos Gustavo Moreira, coordenador-geral da OBM.
Moreira sabe que somente a Olimpíada não é suficiente para diminuir o gargalo entre um baixo nível básico de ensino e uma respeitosa colocação dentre os primeiros colocados em competições internacionais. Para ele, a motivação nasce ao se estimular a criatividade, mostrando que é possível “criar” matemática. Para ele, não há segredo na receita para aumentar o número de amantes da matemática no Brasil:
“Aumentando a interação entre pesquisadores de matemática e alunos e professores do ensino médio – as Olimpíadas e programas como o Profmat, mestrado profissional para aperfeiçoamento de professores, pretendem colaborar com esses objetivos. E mostrando o papel central que a matemática tem na ciência e tecnologia atuais”, elenca.
RETIRADO DO SITE:

sábado, 10 de novembro de 2012

EDUCAÇÃ 3.0:SALA DE AULA X AMBIENTE DE TRABALHO

Jim Lengel, consultor e professor da Universidade de Nova York, espera que a salas de aulas mudem radicalmente nos próximos anos. Nada de cadeiras enfileiradas, um quadro negro e um professor transmissor de conteúdo. A aposta é que existam novas configurações e espaços de aprendizagem, em grupo, individualmente, na rua, na biblioteca, em ambiente on-line, sempre usando muita tecnologia e até em horários alternativos e mais independentes. Lengel é especialista em Educação 3.0. Para ele, o conceito diz respeito às escolas que estão contextualizadas com o mundo atual, com as novas tecnologias, com as demandas e questões que enfrentamos no dia a dia e que estão acompanhando as mudanças no processo de ensino-aprendizagem e nas relações professor-aluno.
Em palestra recente no Brasil, durante o InovaEduca3.0, o especialista fez um paralelo entre escola e ambiente de trabalho. Será que os estudantes de hoje estão sendo preparados para sobreviver nos espaços de trabalho atuais? Eles saberão usar todas as ferramentas necessárias para chegar à informação? Estão preparados para resolver problemas complexos? Saberão trabalhar em grupo, de forma colaborativa? Ao que parece, as salas de aula atuais ainda seguem um modelo “linha de produção” criado durante a Revolução Industrial e que já não corresponde mais às demandas contemporâneas.
Confira a provocação do professor sintetizada no infográfico abaixo:
RETIRADO: http://porvir.org/porpensar/educacao-3-0-sala-de-aula-ambiente-de-trabalho/20121029